quinta-feira, 18 de março de 2010

Só a mudança é permanente

Há tempos pensava em criar um blog, mas os caminhos e descaminhos da vida sempre me tiravam essa iniciativa das minhas prioridades. Ter um blog é como se olhar em um espelho compartilhado por diversas pessoas, significa exposição, abertura ao mundo. Sempre admirei, e, confesso, invejei também, aquelas pessoas que andam por aí de peito aberto, deixando transbordar e escapulir pelo chão os rastros da sua vida. Quem não tem medo de dizer "Te amo" ou "O mundo para mim está acabando" e frases piegas e belas do gênero. Criar um blog é para mim sair do casulo no qual vinha me escondendo, deixar de olhar o mundo de fora. É bom estar sendo tomado por uma sensação de mudança, apesar do tortuoso caminho para chegar até ela. Sem medo de cair, nos tornamos mais humanos. E ao cairmos, aprendemos a levantar.

Boa leitura!
Meu corpo não dorme
e nem acorda

Só se desdobra,
corre e salta.

Minhas mãos tecem palavras,
abandonando-as na primeira esquina.

Como sempre, ela, a rotina.
Parar o tempo por um segundo
Trazer para mim todo o silêncio do mundo
Andar sobre a linha tênue do caminho
Visualizar o chão com a tontura da embriaguez
Traga-me as partes de ti,
deite-se em meu peito,
preveja o fim.

Mostre-me tuas costas,
desabe no pano macio.
Cadê as respostas?

Não estão aqui
e nem sairão de mim.
Nem frio, nem calor
Só o odioso sentido do meio
O torpor da dor
A raiz do devaneio

Tudo meio molhado e meio seco

Assim como eu,
todo pecado que cometeu
estava sempre no meio.